sábado, 23 de abril de 2011

Os Celtas e as Fadas

Em minhas aulas de Literatura Infantil, pensei ser importante conhecer a origem das fadas, no caso, cultura dos Celtas. No Brasil, não há publicação sobre o assunto, devendo buscar em editoras portuguesas.

Por sorte, no Rio de Janeiro, centro, encontrei um sebo onde havia um único exemplar sobre povos Celtas. A teu olhos, aluno(a)s, uma síntese de minha leitura. Os fragmentos textuais abaixo foram retirados dos livros “A Civilização dos Celtas”, de Olivier Launay.

1. A suprema tarefa não era, para eles, domar as forças naturais da Criação, botar em cabresto, na Terra; era penetrar plenamente o mistério do destino humano e deixar-se embriagar por ele. (p. 10)

2. (...) buscava fogosamente a emoção, a emoção intensa. (p. 10)

3. Os Celtas não escreviam tudo que dizia respeito às coisas do espírito. Não eram os únicos a pensar que o sentimento, religioso ou poético, isto é, de fato poético-religioso, era por demais ligado aos movimentos interiores do homem para que pudesse, sem prejuízo, cristalizar-se na escrita. (p. 11)

4. Começaram a escrever suas narrativas fabulosas no século VI. Dos mil manuscritos conhecidos, duas ou três dezenas foram publicadas. (p. 11)

5. (...) viviam em íntima união com a natureza. (p. 13)

6. A grande aventura de Ossian, publicada por MacPherson entre 1769 e 1765. São histórias das Terras Altas da Escócia. Tais estórias são também a base do estético pensamento do Romantismo. (p. 14)

7. Em meados do século XIX, houve tentativas de decifração das inscrições sepulcrais da Gália romana, que nenhuma língua explicava completamente. Escavações de 1846 a 1907, na Suíça, (des)cobrem o passado dos povos Celtas. (p. 15) Em 1877, na Boêmia, descobertas semelhantes ao ano de 1874, no rio Tène, promoveram a união de descobertas entre a Gália e o centro da Europa. (p. 16) Durante 2 mil anos, o mundo não soube dos Celtas senão aquilo que os escritores da Antiguidade escreveram sobre eles. (p.22)

8. A língua céltica se divide em dois grupos: 1) irlandês e escocês; e 2) galês, córnico e bretão. Irlanda, Escócia, País de Gales, Inglaterra, Bélgica.

9. As fases do tempo não tinham para os “Bárbaros” um valor mensurável, mas sim qualitativo e simbólico. Pouco importava a nossos longínquos e caros ancestrais a duração de um evento segundo o calendário. O tempo deles não se avaliava em termos de dinheiro. O que importava era a emoção da história que eles cantavam, as lições que ela ensinava, a impressão de infinito, de superação que ela deixava nos espíritos. O número dos dias, dos meses ou dos anos devia, também ele, ter um valor simbólico. Três ou sete não eram números mas qualidades. (págs. 35 e 36)

10. Celtas, uma unidade feita de caldeamento: cenomanos, volcos [tridentes, tectoságios, arecômicos], boianos, senones, biturígios], velavos, gábalos, arvernos, ossismos, namnetos, venetos. (pág. 46 e 47) Carnutos, eduanos, suevos, belóvacos, treviros, suessionos, lingones, carnutos.

11. Expressam-se por símbolos porque eles falam à imaginação. (p. 54)

12. Os animais rastejantes, lagarto, serpente, crocodilo. (p. 61)

13. Os Celtas regulavam a sua vida segundo as fases da Lua, mestra da fecundidade da terra e das mulheres, e a ritmavam por quatro grandes festas sazonais. Eram 62 meses, em cinco anos sucessivos de 12 meses, mais dois meses intercalares, um na cabeça, o outro no meio da série.
(p. 63)

1ª estação: 1º de maio, os dias mais longos.
Nesta festa, a fartura de alimento era cerveja, couve, leite doce e leite coalhado sobre o fogo.
(p. 127)

2ª estação: junho, chamado de “meio verão”.

3ª estação: 1º de novembro, “meses negros”, inverno.

Nesta festa, havia comunicação entre os mortos e os vivos. O além retornava, era a noite da fraternização por sobre todas as barreiras do destino, a embriaguez era santificada. Animais domésticos não eram sacrificados. Bebia-se cerveja, comia-se chouriço e nozes, à saciedade.
(p. 127)

4ª estação: outono, “suboutono”.

15. Nos bosques, a presença divina. Troncos eram esculpidos para representar deuses. (p.138). Seus deuses apresentam-se nus. (p. 141)

16. Deusa Dordmair tem grandes joelhos, seus calcanhares para a frente e seus pés para trás.
(p. 143) As mulheres formam uma sociedade à parte, como as mulheres-sacerdotisas. As mulheres são olhadas como feiticeiras. (p. 142) A riqueza não se transmite, distribui-se ou é convertida em oferenda. (p. 173)

17. Quando se tratava de uma moça sem dote, os homens preferiam casar-se por um ano. Ao fim do prazo, a moça procurava outro. De qualquer modo, o casamento era dissolúvel por consentimento mútuo. Certas mulheres usavam e abusavam do direito de mudar de marido.
(p. 200) Uma preocupação do costume céltico é a de legalizar, de pelo menos controlar, toda sorte de união sexual, com o objetivo precípuo de salvaguardar o interesse das crianças.

O concubinato é legalizado, mas sem o menor prejuízo às prerrogativas da esposa. (...). Mas a concubina é protegida pela lei.

Está também previsto o caso em que uma mulher casada toma um amante com autorização do marido.

Na Alta Escócia, quando dois senhores tinham convindo na união de seus filhos, se ao cabo de um ano a jovem não tivesse grávida, cada um readquiria sua liberdade para tentar outra experiência. Esses casamentos de ensaio, não celebrados na igreja, foram considerados mais válidos e legítimos até o século XVII. Continuaram nos costumes ainda por muito tempo. (p. 202)